segunda-feira, 18 de maio de 2009

Pontuação

Comecei a escrever esse texto segunda-feira passada, mas só hoje de madrugada (outra segunda-feira insone) consegui um tempinho para terminá-lo.
Eu tenho sérios problemas com as madrugadas de segunda-feira, fruto de um domingo inteiro muito bem dormido. Assim, decidi ligar a TV e comecei a "zappear", a procura de algo “assistível” naquele dia e naquele horário. Já estava achando que era missão impossível quando me deparei com uma palestra do Pe. Fábio de Melo, em um desses canais religiosos que a tv a cabo insiste em me empurrar.
Tenho que admitir ainda não ter escutado, ou ao menos prestado atenção em nada que fizesse menção a ele. Exceção: "sei lá quantas mil cópias vendidas de um tal CD" ou "ow amiga, que gato aquele padre!"
Não é preconceito, apenas falta de oportunidade mesmo.
No exato momento em que passava pelo canal, ele falava sobre o seu primeiro dia de aula e o medo de ficar na escola. Aquilo me atiçou a curiosidade, queria saber aonde ele queria chegar e também descobrir o tema da palestra. Ainda não tinha lido no canto inferior direito da tela, a mensagem que dizia mais ou menos assim: Virando a página. Palestra de PE. Fábio de Melo. Adquira essa e outras palestras através do 0800... Frete grátis! (capitalismo da p*&¨$%). Assim passei uma hora e meia assistindo a um verdadeiro show de sabedoria e sensatez ( e quase liguei para o tal 0800.). Perdi uma madrugada de sono, mas tenho certeza que, após a lição que aprendi, se tivesse subido na balança estaria com um ou dois quilos a menos – pelo menos foi assim que me senti: leve.
Ele é abençoado! Mas não foi o tema da palestra que me fez admirar a sabedoria do Fábio (já me sinto íntima, parece que ele fez aquela palestra pensando em mim), foi a metáfora que ele usou pra chegar aonde queria: PONTUAÇÃO.
Ele me fez enxergar que minha vida, hoje, nada mais é que um texto repleto de capítulos mal pontuados, sem pontos e sem vírgulas no seu exato lugar. Na verdade, todos nós temos parágrafos mal pontuados na nossa vida. Aquilo foi acima de tudo um alento. Se só não há solução para a morte, porque não haveria para meu texto?
Sendo assim, para minha vida, pontos. Interrogação? Exclamação! Muitas vírgulas. Ponto final. Reticências só para o que merece.


As coisas comigo tendem a acontecer muito rápido. E muita coisa parece que só acontece comigo. Às vezes minhas pernas e meu raciocínio até conseguem acompanhar esse dinamismo (ponto pra mim!), mas na maioria não (apesar de eu quase nunca admitir).
Eu vivo a mil e, modéstia à parte, faço isso muito bem. Adoro ter a capacidade de fazer “mil” coisas ao mesmo tempo e tenho uma qualidade que eu adoro mais ainda, mas que as vezes me prega algumas “peças”: a perspicácia. Eu pego as coisas no ar. Sempre foi assim e não vai mudar, eu espero. Pobre de quem acha que me engana. Confesso que, às vezes, deixo que as pessoas pensem que realmente estão me enrolando. Finjo na maior cara-de-pau que não percebi, ou que não vi. Coloco a perspicácia “pra dormir”. Isso é bom para não me chatear com algumas pessoas.
Se eu estou sentada numa mesa grande, sou perfeitamente capaz de conversar com quem esta perto e de saber, pelo menos, o que se passa em mais duas outras conversas. Herança do meu pai. Eu amo o papai!

Quem me conhece já reparou que falo demais e rápido demais, e estranham o fato de eu não perder o “fio da meada”. Isso para mim é normal e descobri o porquê: já estou acostumada com meu texto sem vírgulas. Pra quem convive comigo é mais complicado, afinal quem consegue ler um livro inteiro, com um texto sem vírgulas, sem terminar o primeiro parágrafo esbaforido? Nem eu mesma! E como eu consigo viver uma vida sem vírgulas? Mais difícil ainda de responder e explicar.
Solução para isso? Parar para respirar e colocar vírgulas aonde PRECISA haver vírgula. E tentar fazer algumas coisas mais devagar.


Quanto às interrogações, como eu falo demais, eu pergunto menos do que deveria. Acho que para não deixar mais ninguém falar. Se eu pergunto, tenho que ouvir.
Eu, com certeza, teria sofrido menos se tivesse perguntado antes de deixar a minha perspicácia falar mais alto (lembra que falei que ela me prega peças? Pois é.).
Você já parou para pensar quantas pessoas teria conhecido se tivesse perguntado: Tudo bem com você? Qual seu nome? Toda boa conversa ou uma boa amizade começa com um primeiro passo, concorda? Já reparou também quantas vezes você sofreu por algo que na verdade “não era bem assim”? Ah, se eu tivesse perguntado se era isso mesmo e qual a sua versão dos fatos, antes de cair nos braços da preocupação e do sofrimento.

Não sei se é defeito ou qualidade, mas acredito muito nas pessoas.
Estou cansada de ouvir: “Raquel, todo mundo é legal pra ti”, ou “Você gosta de todo mundo”, e ainda “Tu não és termômetro pra eu saber se alguém é bacana ou não”. Erro crasso de pontuação: exclamações demais e interrogações de menos.
Peço desculpa para quem discordar, mas, quanto ao quesito exclamação, não irei repontuar meu texto. Eu não sei viver sem elas. Eu choro demais, e só até capaz de, por um motivo bobo, ficar feliz da vida trinta segundos depois. Meu sorriso é fácil. Minha conversa é fácil.
Acho que o que falta para a maioria das pessoas são essas exclamações. Elas tornam a vida mais fácil de ser vivida, não é? Aproxima as pessoas.
Mais sentimento e menos computadores, calculadoras, celulares, extratos bancários, fórmulas matemáticas, enfim...

Falando em reticências: quantas vezes insistimos em dar continuidade àquilo que não merece? Pois é... fiz isso há bem pouco tempo atrás.
O meu mais novo amigo Pe. Fábio falou que isso gera metástases. E eu concordo com ele. Será que não estamos colocando ponto final no que mereceria reticências e tentando dar continuidade ao que já era pra ter um ponto final?
Eu já escrevi algo parecido com isso. Em um dos meus primeiros posts aqui, fiz um texto sobre intenções e expectativas. Olha lá, se tiver curiosidade.
Ponto final é o ponto mais difícil de colocar. Pior é quando o colocam por nós, quando na verdade queríamos as reticências.
... sobre ele eu não quero falar. Também não queria usá-lo agora, mas o texto já tem quase duas páginas.
De coração, espero tê-lo pontuado direito, tanto quanto espero pontuar corretamente os próximos parágrafos da minha vida.

Beijos pra todos.

"De volta ao meu blog" ou "Injeções e Pirulitos"

Fazia tempo que eu não acessava meu blog. Acho que por alguns instantes até esqueci que tinha um. Já estava fedendo a mofo. Vergonhoso pra mim, heim?

Estava meio “down” e reler o texto do Facundo Cabral me deu ânimo. Eu ando realmente muito distraída. Tão distraída que esqueço de mim e das minhas responsabilidades comigo mesma.
Li e deu vontade de escrever.
Abrindo parênteses, rapidinho: nunca terminei “O Caçador de Pipas”. Oh meu Deus, que leitura cansativa! Mas comecei e terminei o livro Comer, Rezar, Amar, de Elizabeth (quando lembrar o sobrenome dela, posto aqui). Maravilhoso! Sincero, realista, cômico. Enfim, leitura imperdível para qualquer mulher (ao menos qualquer mulher que esteja em uma situação parecida com a minha ou com a da autora. rsrs).

Ao que interessa...

Da virada do ano pra cá (Carambas! Desde ano passado que não entro aqui.) minha vida virou de cabeça pra baixo. Ela até ensaiou desvirar algumas vezes e quando pensei que fosse se ajeitar, deu duas piruetas, e fez movimentos de translação. E eu? Caí de bunda no chão.
Sou boa aluna, professor Facundo Cabral, eu sei: LIÇÕES.
Ana Carolina em uma de suas canções, citando o texto “Só pra sacanear”, diz: “tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz”.

Verdade, mas já está bom, não é? Porque se continuarmos nesse embalo eu serei obrigada a citar a letra de “Charetton” de Seu Jorge, também cantando com a Ana Carolina, que diz assim: “e eu (p...q...p...!!!!!!) não vou nada bem!”. rsrs

Exageros à parte...broken heart can be that bad.

Unhas roídas, insônia, gastrite nervosa também à parte... Ah! Eu encarei de frente, como a boa aluna que sempre fui: passo após passo. Para ser mais específica, dia após dia, como já diria minha amiga Renata, parafraseando os Alcoólicos Anônimos.
Percebi com o tempo que eu estava seguindo a filosofia de “peru de natal”, morrendo de véspera (meio piegas, mas muito realista.), achando que seria impossível me livrar de certas coisas que estavam me fazendo mal, sem sequer ter realmente tentado.
Faço uma analogia a tomar injeção: toma-se coragem, a enfermeira prepara a medicação, dá aquelas duas batidinhas terríveis na seringa, passa o álcool pra limpar a pele (até aí se tem coragem pra deixar qualquer valente mosqueteiro com inveja.) e quando ela nos encosta a agulha e vem dor da picada, toda a coragem vai embora e levanta-se da cadeira sem sequer saber que, para a maioria das injeções, a dor é apenas aquela. Dói no começo e depois já era. (Para a maioria delas, porque quem já teve a inesquecível experiência de tomar Profenid no braço sabe o quanto dói, e que se pode passar um mês com o braço dormente por causa daquilo. Prefiro nem lembrar, porque não foram nem uma, nem duas, nem dez, foram muuuuuuuuuuitas as vezes que tomei!).
Comigo foi mais ou menos assim: nunca tive medo de injeção, ganhei horrores de pirulitos quando eu era criança, mas tive medo de me desfazer de certas coisas e a dor da perda. O que eu ainda não sabia, ou sabia eu não tinha atentado pra isso, era que a pior parte de toda a história já havia passado, que a dor era “apenas” aquela. Agora bastava colocar um algodãozinho em cima da ferida e segurar firme até o sangue estancar. Fica dolorido... é verdade, mas nada que não se adoce com pirulitos.